Muitas vezes, tenho-me perguntado para que servem os diplomas e a hierarquização existente nas instituições, se no final, o que vemos premiado é tudo menos o uso do conhecimento como ferramenta ao serviço do Homem.
Que importam os teóricos e as resmas escritas de conceitos superiores, de contextos fictícios e irreais, se depois, na prática escolar, institucional, quotidiana, a aplicação e o desenvolvimento é tão restritivo! Cada vez mais os conteúdos são vazios, o que leva à perda de significado e de sentido? A alienação é o "prato" seguinte. Afinal, a quem se está a servir? Aos utentes não é certamente !!! Pois cada vez mais são tratados como objectos ou animais, totalmente desprovidas de poder criativo ou vontade. O desenvolvimento humano dá lugar ao embrutecimento das massas, que outro resultado poderíamos ter quando se trabalha continuamente nesse sentido? Há grandes forças que não acreditam no seu "rebanho" e não param de lhes criar embustes e decepções. Como em tudo, há sempre responsáveis e vítimas!!! Só a consciência poderá transcender a percepção banal das coisas, usando o refinamento perceptivo.
Em 1998 acabei a miha especialização em Psicomotricidade, em Portugal (parte teórica), pois a prática foi adquirida em Zurique e ao longo de 15 anos de estudo de um instrumento musical, um quotidiano exigente e de buscas pela compreensão de princípios maiores. A minha experiência nas artes sublinha a fragilidade da palavra como meio de transmissão de ideias e conceitos. As pessoas são bem mais diferentes do que parecem, tanto os seus meios de experimentarem a realidade e o modo de se relacionarem com a sua percepção. ninguém pode ganhar com a "censura" de uns e a promoção descabida de outros, depois acabamos entalados em modismos sem cabimento e não servem a saúde do colectivo. A Arte é um processo contemplativo profundo através do qual o Homem se maravilha consigo mesmo, diante um "espelho" que é o universo e a sua Ordem. Meditação, relaxamento, tranquilidade, imobilidade, segurança, agudeza sensorial são conceitos intimamente associados à Arte, sem os quais se geram tiques de expressão artística massificada e desorganizativa do cérebro humano.
O vazio das palavras e das mensagens, agravado pela compartimentalização das experiências individuais e o servilismo a correntes de pensamento de rasto difuso, desligadas do desenvolvimento da realidade perceptiva de cada indivíduo e da realidade humana, conduzem inevitavelmente à "cegueira" crónica dos sentidos, por consequência da consciência. Mais ainda, se considerarmos a existência de um sexto sentido em todos nós, constituido pela essência dos vulgares cinco sentidos. Esta inanição perceptiva e qualitativa gera o imprisionamento despercebido das pessoas e transparece, seja através de vícios ou alterações de saúde, como a dor e outras queixas difusas de mal-estar.
A
Eutonia, mais do que a Técnica de Alexander, revelou-se na minha experiência, o caminho da clareza e limpeza da percepção. Por oposição à Yoga, Tai Chi ou Qi Gong, a Eutonia será o método ocidental que mais nos aproxima na busca da
essência oculta do sagrado perdido na tradição ocidental. Encaixa adequadamente numa preparação de um relaxamento dinâmico para abordar ensinamentos orientais e a necessidade de reequilibrio quotidiano.